Rasto de espuma

“Em sete capítulos, como as sete notas capazes de guardar todos os sons do mundo, o poeta João Guilhoto apresenta o seu novo livro “Rasto de espuma”, em que traz a poesia à luz da dicotomia de um mundo no qual separam-se, como opostos, os conceitos do concreto e do abstrato. Assim como a eletricidade, o sol, a noite, o coração, a poesia de Guilhoto revela a vida como rasto de espuma na areia molhada, algo que existe apenas por um breve instante, e some sem deixar vestígio, naquilo a que chamamos universo. Nas palavras do prefaciador Ronaldo Cagiano, são as questões existenciais a seiva que alimenta este livro, em que o poeta nos revela uma outra dimensão das coisas, navegando o texto neste mar que une o tangível e o percebido, o visível e o onírico. Sobretudo, o poeta investiga o poder de atração dos corpos, o dele próprio, o do ser amado, tão concreto como todas as coisas / tão abstrato como todas as possibilidades. É isto, a poesia de João Guilhoto precipita-se — precipita-nos — ao limite da nossa própria consciência, e da própria existência, essa liberdade da flor que a leva a murchar mesmo que o sol brilhe, uma tarde sem receio quando temos um mundo ainda por inaugurar. Deste mergulho fundo nas questões sem resposta, nas dúvidas eternas que passam longe da ciência, João apenas nos adverte: está quase a começar o tempo das grandes despedidas.”

Saiba mais em gatobravo.pt.

Seis poemas de João Guilhoto no Folha de São Paulo

Seis poemas inéditos no Blog Entretempos, da Folha de São Paulo, organizado por Cassiana Der Haroutiounian. Os poemas acompanham as imagens do fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans.

“Guilhoto é autor do belíssimo “Livro das Aproximações”, no qual elabora com precisão matemática o sofrimento e o desamparo humano. Precursor da estética despojada e realista, Tillmans é conhecido por sua diversidade fotográfica e sua observação contínua do entorno”, escreveu Cassiana Der Haroutiounian.

Comentário de Evandro Affonso Ferreira

O escritor brasileiro Evandro Affonso Ferreira assina o prefácio ao O Livro das Aproximações.

“O personagem do livro de Guilhoto é a própria palavra. Sensação ad introitum: o autor vai clicando palavras para vivificar frases que fotografam o fazer-livro, o arquitetar-cidade, o elaborar-páginas, o tecer momento – a despeito de seu narrador, debater-se num oceano de dúvidas, por assim dizer, ao querer distinguir as coordenadas do tempo – as questões agostinianas.”

Para ler aqui.

O Livro das Aproximações

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Estreia do escritor português João Guilhoto, O Livro das Aproximações elabora com precisão matemática o sofrimento e o desamparo humanos. As sombras iluminadoras que o autor projeta no silêncio das palavras o assemelham a Kafka, Walser e Musil, em toda a sua consciência da banalidade da vida contraposta às infinitas possibilidades do eterno da literatura. O apuro linguístico e filosófico da narrativa faz suspeitar que o livro já nasce um clássico, impressão reforçada por Evandro Affonso Ferreira para quem “as palavras dele são feitas para durar, não se deformam com as puerilidade do efêmero, não caminham subservientes pari passu com a própria época ou moda”.

Austerlitz

“Estava sempre a pensar: portanto, uma frase, uma coisa pretensamente cheia de sentido, é na verdade quando muito um expediente medíocre, uma espécie de excrescência da nossa ignorância com a qual tateamos às cegas a escuridão que nos rodeia.”

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